domingo, 12 de novembro de 2023

A COMUNA DA PALESTINA

 

Karl Marx ao tratar sobre “A guerra civil na França”, destacou que: “Se a Comuna era, assim, o verdadeiro representante de todos os elementos sãos da sociedade francesa e, portanto, o verdadeiro governo nacional, ela era ao mesmo tempo, como governo de operários, campeã intrépida da emancipação do trabalho expressivamente internacional”.[1]

Vemos na atualidade, 152 anos depois a Comuna de Gaza ressurgindo. Para aqueles que imaginavam Israel trucidando o Hamas em poucos dias, já passam de seis semanas e os bravos lutadores, com as suas táticas de defesa, continuam combatendo. Essa resistência já é a mais emblemática referência internacional.

Apesar da propaganda contrária, pois, é sempre do domínio da análise incluir como ponto essencial da interpretação dos conflitos, uma carga exagerada de ideologia, imposta pela capacidade de formulação das forças dominantes, para desmerecerem e aniquilarem a verdade do lado oposto. Com isso, os enfrentamentos locais ganham sempre novos reforços universais, pois, as barreiras dos dados impedem de se ter as informações completas.

O pacto de covardia firmado entre as grandes potências capitalistas reunidas em torno da referência do Estado de Israel, impõem uma narrativa convincente de que há, de um lado, “tropas” militares treinadas e oficialmente liberadas para agirem impondo qualquer condições e, do outro lado, apenas um “grupo” de terroristas impiedosos que sequestraram duas centenas de pessoas de bem e, por isso, precisam ser eliminados junto com o seu povo.

As notícias espalham pelo mundo, o lado cruel dos palestinos, enquanto aliviam e vitimizam os agressores israelenses que agem fazendo justamente o oposto, sem contudo parecerem terroristas de verdade.

O que é o terrorismo? Grosso modo, ele representa ser uma maneira de impor a vontade política por meio da violência, da destruição e do medo. No entanto, qualquer ato cujo objetivo é derrotar um inimigo será portador desses atributos, por isso, as palavras nem sempre são sinceras e refletem a realidade.

Colocados os agravantes frente a frente, os resultados mostram que os papeis se invertem. Se Israel foi penalizado com duas centenas de reféns,  a população palestina, principalmente os 2,4 milhões que habitam atualmente a faixa de Gaza, há décadas são prisioneiros políticos de Israel. Para além disso, deixar a população sem acesso a água, energia, combustível, alimentos, remédios etc., bombardear hospitais, impedir que os feridos sejam transferidos e os mortos de serem sepultados, não seria o grau mais elevado de terror, pois não se trata de um ato, mas de uma continuidade histórica de barbárie?

A vergonhosa posição de muitos governos e dos organismos internacionais que optam pelo “envolvimento respeitoso”, para não ferir o suposto “direito de Israel a se defender”, quando na verdade os palestinos nunca deixaram de serem atacados. O que esperam alcançar?

O direito à legitima defesa deve ser exercido quando há uma ameaça iminente contra a vida. O que Israel está fazendo é uma invasão de território de um povo que não quer destruir o outro, nem mesmo atacar o Estado vizinho, mas reivindica apenas o reconhecimento da própria soberania. Quem luta para garantir o direito a existir são os palestinos e o fazem em solo próprio por eles reivindicado.

Esse é o ponto. Na medida que a mesma garantia dada a Israel em 1948 quando foi oficializado pela Organização das Nações Unidas, a divisão do território, ficando 52% para os judeus, o mesmo não foi feito e nem respeitado com os 48% do território palestino. O que houve nos últimos tempos é que as terras da Cisjordânia e da Faixa de Gaza foram invadidas por mais de duzentos mil judeus, com apoio e infraestrutura oferecida pelo Estado de Israel e isso é uma provocação constante.

É importante que as informações corretas cheguem aos ouvidos do mundo.  Dessas informações depende a solidariedade internacional aos palestinos. Os gestos de defesa da causa palestina não se tratam apenas de atitudes humanitárias, mas da luta pela emancipação de um povo, impedida pelo terrorismo imperialista que se vale da divergência local para manter pressão e controle sobre as nações árabes frontalmente opostas aos Estados Unidos da América.

Viva a Comuna da Palestina!

                                                                        Ademar Bogo                                                                                                                                  

 

 



[1] MARX, Karl. Guerra civil na França. São Paulo: Expressão popular, 2008, p. 412

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