domingo, 4 de fevereiro de 2018

MARX: DUZENTOS ANOS



 
Neste ano de 2018, em 05 de Maio, comemoramos duzentos anos de nascimento Karl Marx. Sabemos que as datas são simbólicas que contam os pedaços daquilo que o tempo conta por inteiro; no entanto, elas ajudam a lembrar das origens ou das raízes sobre as quais se sustentam grandes construções.

Ao vivermos tempos tão duros e inseguros é importante olharmos para o passado e tomarmos posse das heranças. Marx é mais que um pensador é uma doação de história humana, tomada às vezes, indevidamente, outras vezes disputada, perseguida ou torturada para que deixe de ser. Com a mesma história, vitórias foram construídas e depois perdidas; esforços foram empregados e derrotados; vidas foram comprometidas e revividas. Quaisquer que tenham sido os resultados, todos eles foram iniciados com a certeza de que, a liberdade é a razão de ser da humanidade.

Marx, com genialidade intelectual, não é superior nem tampouco igual a tantas inteligências existidas. A sua teoria social é a continuação e a superação de tudo aquilo que de bom a humanidade até ele havia produzido. Há tempos em que um líder, um pensador ou um visionário se levanta e, ao compreender os tempos atuais, aponta para o futuro, reduz o tempo e antecipa aquilo que será. Não sabem o que será daquilo que será na totalidade, mas mostram pelo menos a metade do tempo vindouro que conseguem antever. Marx viu e pôde ver aquilo que foi que veio e que virá a ser real, mesmo que parcial.

Ao compreender as leis, Moisés escreveu nas pedras os mandamentos; Euclides de Alexandria, pelas leis da simetria, inventou a geometria. Newton, descobriu as leis da física que permitem verificar o comportamento dos corpos estáticos e dinâmicos no universo; Marx descobriu as leis de funcionamento do capitalismo e, com seu senso crítico, pode propor o socialismo científico.

Dessa forma, pode-se acrescentar conteúdo aos mandamentos; tecer soluções sobre a moral, mas, a base teórica da civilização cristã é aquela nas pedras escavadas a marteladas. A geometria evoluiu, mas não consegue desfazer-se do que Euclides fez. A física está sempre em evolução, mas ninguém pôde negar a lei da gravitação. De modo que, as criticas que renegam a teoria social de Marx como se ela estivesse superada, ou que já seja insuficiente, é totalmente inconsequente.

Marx é o texto da leitura atual. Com ele compreendemos as crises, a exploração, as formas do valor, a natureza do trabalho, a formação dos preços, os créditos, os juros e a superação do modo de produção. Do socialismo utópico ao socialismo científico; da superação do Estado e do poder político, tudo está dito e escrito. O que se pode fazer é acrescentar aspectos e complementações, mas o essencial do estrutural continua sendo e valendo.  

Este ano é o momento de recolocar Marx no centro do debate e, ao mesmo tempo, sair para o combate contra as ideias liberais. É tempo de mostrar que a filosofia e a ciência devem voltar a ocupar o espaço das consciências e fazê-las melhorar. Se para muitos, estamos na esfera digital por isso as novas gerações têm outros métodos e outros compromissos; não devemos dizer que não podem ter; o que não podem é ser omissos e ignorar o conteúdo do estudo que explica tudo. A era digital não se desfez do capital e da mais-valia, pelo contrário, aumentou a quantidade das mercadorias e a qualidade da exploração. Este ano, portanto, é o momento de fazermos os acontecimentos terem cheiro de marxismo, porque, por mais que a prática política revele todas as precariedades, o destino da humanidade é o Comunismo.

Façamos deste ano uma conjugação entre teoria, escrita e ação. Tomemos as ideias de Marx como lemas e passemos a revelá-los como temas de encontros, cursos e textos elaborados. Um tema para cada encontro ou para cada dia: Marx e a filosofia; Marx e a economia; Marx e o Direito; Marx e a educação; Marx e a cultura; Marx e a ecologia; Marx e a religião etc.

Concursos de músicas, poemas, crônicas e contos, nas escolas; místicas, monumentos, vídeos e pinturas que possam resgatar pela cultura os principais textos de Marx, como os Manuscritos econômicos e filosóficos; a questão judaica; A ideologia Alemã; Miséria da filosofia; manifesto do partido comunista; O 18 Brumário de Louis Bonaparte; O capital... Ou seja, para produzir, criar e escrever, é preciso antes ler e compreender. Como o mote que guia o repentista, aqui o texto orienta a criatividade marxista.

Em fim, é tempo de enfrentamentos. A Ideia da “escola sem partido” tem se dedicado a partidarizar a educação. Atacam o pensamento crítico, mas aceitam e intensificam o pensamento ridículo. As mentiras, calúnias e perseguições, voltam-se contra Marx e os marxistas como ocorrera no passado. Enfrentar é a melhor forma de negar o pensamento desqualificado.