domingo, 15 de abril de 2018

AS ARMAS QUÍMICAS E A PRISÃO DE LULA



            Há diferentes formas de verificar a crise atual do capitalismo: econômica, política, jurídica, cultural, ética etc., seja qual for, nenhuma delas pode apresentar sequer alguma ressalva que defenda a continuação deste modo de produção que ora agoniza.
            Para além disso, os diversos aspectos da mesma crise apontam para dificuldades ainda maiores para o controle da ordem, pelas forças políticas e policiais. Quanto maior a insegurança maior deverá ser o grau de repressão e de punições que beiram as margens da loucura política.
            Nos períodos de insegurança social e política, os capitalistas sempre encontraram saídas que, de alguma forma mantiveram-se sob controle, como foi o caso das duas guerras mundiais que foram desencadeadas justamente para superarem as crises e ampliarem os domínios territoriais.
As crises constantes mostram que mudamos de fase, isto é, enquanto o imperialismo servia de conceito para revelar que o capitalismo vivia a sua fase superior  essa superioridade bastava para buscar o domínio de novos espaços, bastava utilizar-se das mercadorias, do dinheiro ou do capital, em caso de necessidade de forçar a entrada em territórios estranhos, acompanhava a força militar. Agora, embora o imperialismo ainda permaneça, a fase transmutou-se para a “globalização” que, juridicamente flexibilizou as barreiras nas fronteiras e por isso, a crise que se prolonga, diferentemente das outras, passou a usar a lei e os acordos e entre as instituições internacionais, para legitimar os desmandos.
É nesse sentido que avaliamos a frequência dos golpes de Estado realizados por meio de votações relâmpagos, em nosso caso, por um Congresso totalmente desmoralizado; prisões injustificadas, como a do Presidente Lula ou os ataques contra a Síria realizados nesta semana, com a desculpa de que lá existem armas químicas.
Os indícios passaram a figurar como fatos consumados, por isso, para aplicar as leis que favorecem os interesses do capital, não precisa de provas, basta insinuações, desconfianças, indícios ou uma simples delação, como ocorria no período da Santa Inquisição na Idade Média. Cassa-se o mandato, prende-se, bombardeia-se etc., depois se tenta provar que havia intenções ou não havia nada, mas se diz que havia.
Se fôssemos investigar e punir quem usa “armas químicas”, os fabricantes de pesticidas que constituem o capital que usufrui dos acordos globalizados, deveriam estar todos presos. O consumo no Brasil já chega o equivalente a 7 litros por pessoa, contaminando mortalmente 70 mil pessoas por ano com agrotóxicos proibidos ou legalizados. Sobre isto ninguém fala nada, nem ninguém desses que usam mísseis para afrontar as nações, saem em defesa dos Direitos Humanos.
Os capitalistas sabem que o capitalismo não tem mais como evitar a barbárie e por isso buscam descobrir formas de habitar outros planetas. O mundo está saturado de mercadorias e, a média de consumo é insuficiente para manter o rendimento do capital positivamente. Os capitalistas também sabem que para garantirem temporariamente mais espaço para algumas potências precisam desencadear a Terceira Guerra Mundial, mas, na situação de equilíbrio de forças e elevado nível tecnológico bélico, é temerária qualquer iniciativa nesse rumo.
Enquanto isso, os interesses econômicos e políticos manipulam as leis para que elas dêem legitimidade não têm. Nesse sentido, tanto a Síria quanto o Brasil estão no meio das disputas de interesses e, nada melhor para os capitalistas que livrar-se de líderes incômodos. Embora as forças a favor das transformações andem devagar, o planeta tem pressa; as mudanças virão quando os dois movimentos entrarem em sintonia. Ou seja, é hora de apressar o passo para que a roda História não nos deixe presos no lado debaixo.                                                                                                                                                  Ademar Bogo

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