As guerras entre nações estão na origem, manutenção e no final dos impérios. Inicialmente elas se apresentam como soluções imediatas de defesa, mas, depois que iniciam várias descobertas e investimentos ficam insustentáveis; mesmo assim, os interesses são renovados e as sociedades são convencidas a assumirem a posição dos governantes que justificam as perversidades que, no cotidiano de paz seriam consideradas crimes, como por exemplo, destruir, matar mulheres e crianças como um mal necessário para atingirem um objetivo. Assim, uma chacina de 12 crianças numa escola norte-americana, inglesa, francesa etc., é crime, mas a matança de mais de 30 mil pessoas da mesma idade na Palestina é uma operação militar contra o terrorismo.
As guerras possuem, originalmente,
restritas pretensões e, com o tempo vão ganhando novas dimensões. Quando se
trata de defesa, para espantar o agressor, as forças se retraem e se preparam
para a defesa. Quando buscam conquistar novos territórios precisam, além de ocupá-los,
convencer os habitantes locais que a geografia econômica, social e política,
mudou.
Com o prolongamento das guerras, as
pessoas em geral, de dentro dos conflitos e fora deles, aprendem a analisá-los
e compreendê-los, pela essência de suas erupções, término ou continuidade, como
por exemplo, aprender a distinguir a diferença entre o conflito da Rússia com a
Ucrânia e, o outro em andamento, promovido por Israel contra os palestinos e
alguns países de etnia árabe e persa.
A Rússia é composta por uma
população majoritariamente eslava e abriga também uma quantidade significativa
de pessoas muçulmanas, que professam a crença no Islã, cuja referência profética
é Maomé. Os ucranianos, embora pertençam a Europa, também possuem descendência
eslava., principalmente os que habitam a região onde se situam os conflitos
mais acirrados, incluindo diversas cidades como, Donbas, Donetsk, Lugansk e
Criméia, nas quais a maioria da população se considera russa e, já optou, antes
mesmo dos confrontos, a anexar os territórios à Rússia.
A Rússia após a revolução de 1917
havia formado a grande União das Repúblicas Soviéticas e, na Segunda Guerra
Mundial, para derrotar o nazismo alemão, precisou avançar e implantar os
regimes socialistas em diversos países europeus. Na década de 1990, como o
Pacto de Varsóvia se desfez, o “império russo” recolheu-se ao seu antigo território.
No entanto, ficaram as impressões digitais espalhadas e, tanto os países
europeus, quanto os Estados Unidos da América, associados à Organização do Tratado
do Atlântico Norte (OTAN) criada na época da Guerra Fria, ainda hoje em vigor,
além de forçar a inclusão dos países antes pertencentes ao outro pacto, tenderam
a enfraquecer o país vizinho para apossarem-se das suas riquezas minerais.
Na perspectiva bélica da defesa, a Rússia, ao perceber o avanço da OTAN com a possível inclusão da Ucrânia como país membro, vendo as populações residentes próximas à sua fronteira, perseguidas e dispostas a mudarem de nacionalidade, avançou com a guerra defensiva em busca da preservação territorial. Nesse sentido, a Rússia integrará a população ucraniana à sua população.
O
contrário acorre com Israel na invasão da Palestina. Desde que Theodor Herlz,
um jornalista austro-húngaro, por meio de seu livro, “O Estado de Israel”,
escrito e publicado no final do século XIX, cuja influência desencadeou um
movimento político e ideológico que, no Congresso de Basileia na Suíça, em 1897,
sob a diretriz do princípio: “Uma terra sem povo para um povo sem-terra”,
decidiu que o povo judeu expatriado pelo mundo, desde o ano 70 despois de Cristo,
deveria ocupar a Palestina e lá criar a sua base estatal.
A
palestina até 1919 pertencia ao império Otomano, no entanto, com o final da
Primeira Guerra Mundial a Inglaterra, 1919, passou a assumir o comando local,
pois, ali localiza-se a passagem principal que liga Europa pelo Mar Mediterrâneo
a Ásia e a África. Esse domínio durou até o final da Segunda Guerra Mundial
quando, os Estado Unidos da América passaram a controlar a região e, por sua
influência na Organização das Nações Unidas, o Estado de Israel foi
oficialmente criado em 1948, sobre 52% do território palestino.
A
reação dos países árabes e persas foi imediata e nunca aceitaram essa intromissão
na região, principalmente porque o Estado de Israel continuou a tomar, por meio
de assentamentos de colonos, os territórios delegados pela ONU aos palestinos.
Em 1967 os conflitos foram acirrados e, na guerra árabe-israelense, Israel apossou-se
da maior parte dos 48% do território, deixando os palestinos com apenas 21% e, mais, a perda total do deserto do Sinai no
Egito e as Colinas de Golã na Síria.
Nas
previsões da criação do Estado de Israel, havia a perspectiva intencional de
expansão territorial, com a formação de um império regional de influência europeia
e norte-americana sobre o mundo árabe, para isso, além da Palestina deveriam tomar
o Egito, a Jordânia, a Síria e o Líbano e anexar esses países ao Estado
sionista.
Com
tudo isso, pretensões e invasões chegamos aos dias atuais, com a ideologia
sionista expressa em todos os meios de comunicação burgueses ocidentais, que
intenta justificar as atitudes genocidas, como sendo um “direito de defesa”. Pela
sustentação feita acima, compreendemos que a ofensiva israelense contra os
palestinos e, mais recentemente contra o Irã, tem a proposital intenção de
avançar no seu domínio territorial e enfraquecer os países vizinhos inimigos
históricos do Ocidente. Por isso, o Estado sionista não está sozinho e as práticas
genocidas precisam ser atribuídas a quem apoia aquele regime.
Por
outro lado, por que se trata de um genocídio e não de uma anexação de
território apenas como é o caso da Rússia na Ucrânia? Porque, a etnia judaica é
intrusa na região e as suas práticas ortodoxas não aceita oficialmente a
presença dos árabes em iguais condições dos cidadãos israelenses; por isso a
política do Estado de Israel é o extermínio racial dos palestinos para, quando
a guerra terminar, além da apropriação total do território da antiga Palestina,
a maioria da população deverá extar extinta e, os que sobrarem, viverão como escravos.
Este é o sentido da matança indiscriminada das crianças e das mulheres.
Em
síntese, o Estado de Israel, para além de suas pretensões particulares de expansão
imperial na região, tem o apoio das potências capitalistas do Ocidente que
querem reinar na região enquanto houver, principalmente, a possibilidade de
exploração do petróleo. Por outro lado, esse Estado genocida, com a matança
indiscriminada de crianças, assimila a perversidade do Rei Herodes, imitado por
Vespasiano que, em 70 d.C. destruiu Jerusalém, matou inocentes e dispersou pela
Europa os judeus que sobraram e que Nazismo de Hitler os executou nas câmaras
de gás durante a Segunda Guerra Mundial. O extermínio dos atuais inocentes, representa
a limpeza étnica realizada como precaução para que aquela população indefesa venha
a ser uma força vingadora no futuro.
Isso
tudo revela que, a decadência do capitalismo está posta como uma corrida sem
retorno em direção à falência total do capital. Isto não quer dizer que o
melhor está por vir, porque, é na agonia terminal que os movimentos se tornam
mais bruscos e violentos. Não importa, se isto ainda durará séculos, importa é
saber que, se não houver reações e capacidade de resistência, a velocidade
destrutiva será cada vez mais acelerada. Enquanto há tempo, é preciso reagir.
Ademar
Bogo
Nenhum comentário:
Postar um comentário