domingo, 18 de novembro de 2018

OS LAMENTOS DOLOROSOS



            Chegam-nos notícias de que o programa “Mais Médicos” já vai sendo encerrado pelo presidente eleito que ainda nem assumiu. Muitos municípios vão ficar sem ou quase sem assistentes depois que os médicos cubanos forem embora. E esta desgraça cai sobre quem votou e também sobre quem não votou no desmedido candidato. Noticiam os jornais que um município do Estado do Paraná onde o futuro chefe do executivo obteve 74% dos votos, 75% dos médicos já foram embora porque eram cubanos.  Há o provérbio popular que diz: “Depois do mal feito, chorar não é proveito”. E agora? Como eles diziam? “É melhor já-ir se acostumando”.
            A História tem passagens políticas e tem políticas de passagem. O Estado é um lugar de privilégios que serve bem aos privilegiados. Essa forma de poder centralizado surgiu no capitalismo para salvaguardar o capital e a propriedade privada. Por isso a função primeira é garantir o direito à produção da forma mercadoria, tendo o trabalho, a mais-valia, a troca e os impostos, como fatores responsáveis pela produção e reprodução da valorização do valor.
            No entanto, as posições políticas dos indivíduos proprietários, nem sempre coadunam em favor do sucesso das relações entre a forma econômica e a forma política, isto porque, devemos admitir que nem todos os patrões, assim como, nem todos os trabalhadores estão unificados em torno de uma mesma posição política e, por isso, muitas relações podem ser rompidas na sociedade capitalista, menos o direito à propriedade privada dos meios de produção e da propriedade em geral.
            É nesse sentido que, aparentemente, a esfera política funciona separada dos proprietários das mercadorias, do dinheiro e do capital. As instituições estatais se distinguem dos indivíduos que estão submetidos ao mesmo ordenamento jurídico; elas cumprem a função de garantir o funcionamento do capitalismo enquanto modo de produção.
            Sendo assim, o Estado serve à burguesia, mas não é propriamente burguês, porque, juridicamente pode coagir qualquer indivíduo, basta que ele se indisponha contra a lógica da ordem estabelecida pelo capital. O Estado é acima de tudo, capitalista, porque as formas econômicas, política e jurídica, apesar de funcionarem com autonomia, não podem atentar contra os pilares de sustentação do modo de produção capitalista.
                 Por essa razão, podemos compreender porque o revezamento de representantes das classes antagônicas nos governos, não abalam o funcionamento do modo de produção capitalista. Já tivemos governos progressistas e o capital se deu muito bem, agora, com cheiro de totalitarismo no ar ele continuará a reinar, mas há contradições. Principalmente nas crises, não tendo mais o que angariar, os concorrentes abocanham-se entre si. É só aguardar.
A ideologia desenvolvida pelo futuro governante no processo eleitoral, centrada sobre as características e virtudes da nação, comoveram e convenceram muita gente. Com isso, mesmo que o capital não respeite fronteiras, o orgulho nacional acalenta o sentimento de pertença e supera as posições de defesa dos direitos daqueles que se incluem no não projeto vitorioso. Esse suposto orgulho da nacionalidade anti-corrupçao,  religiosa e anti-comunista construído pelos indivíduos que formarão o governo, servirá para um tempo,  depois, as palavras mágicas já não conseguirão controlar os poderes das mercadorias e as reações de revoltas espontâneas que fortalecerão as divisões e o aprofundamento dos atos de barbárie.
Chegará o momento em que dar-se-á tudo para estar perto de grupos organizados, como foi no início da formação da humanidade; quem ficasse isolado “a onça comia”. Será a vez então de se ouvir que os comunistas estavam com a razão, porque defendiam a solidariedade e a cooperação entre os todos.
                                                                                               Ademar Bogo


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