sábado, 6 de fevereiro de 2016

O PROGRESSO REGRESSIVO

              Se quisermos uma definição simples de barbárie devemos buscá-la nas evidências das manifestações de violência apresentadas na forma de chacinas indiscriminadas na Europa ou em qualquer país em que vigora o capitalismo. No entanto, uma definição mais consistente, devemos buscá-la nas causas econômicas, na exploração da força humana e da natureza, e na prepotência da forma de poder político unipolar saudado como o único capaz de gerir a civilização após a queda do bloco socialista na década de 1990.
            O que foi o Brasil em toda a sua história senão um território de reservas naturais e de força de trabalho escrava ou assalariada de baixa remuneração à disposição das empresas capitalistas? O que sobrou e o que sobra como resultado para o país, com a exportação do Pau Brasil ou de outros derivados de madeira até hoje em vigor? Do ouro e mais 35 minérios encontrados em nosso subsolo, até mesmo do petróleo do pré-sal visto como o advento de uma nova fase para a educação e bem estar do povo brasileiro? Respondo: tocos, devastação, buracos, gamelas de lama prestes a descerem pelos vales, sede, fome, miséria e violência humana.
            Isso é o que podemos chamar de progresso regressivo, porque, quanto mais exploram, mais fazem regredir as condições de sustentação da civilização. Progredir regressivamente é então, ir em frente criando as circunstâncias do próprio extermínio das espécies.
            Karl Marx ao estudar as leis do desenvolvimento do capitalismo, nos alertou que no mercado de mercadorias onde se confrontam os possuidores de mercadorias, o poder que exercem uns sobre os outros é somente o que deriva de suas mercadorias, e é esse poder que impede de que se coloque limites na mineração, no envenenamento da produção de alimentos, na devastação da natureza, na poluição do planeta e na matança humana indiscriminada.
            Os capitalistas que fingem chorar pelos mortos das tragédias, são os mesmos que provocam as reações incontroladas da natureza e as revoltas humanas com o uso de táticas terroristas. O surgimento do Estado Islâmico, nada mais é que a oportunidade surgida após o bloco socialista de Estado ter deixado de ser o ponto oposto da polarização com o capitalismo e as forças políticas de esquerda, terem trocado o objetivo da transição para o socialismo em nome do “desenvolvimento humanizado” do capitalismo.
            Quais são as medidas propostas pelos amantes das mercadorias para conterem as catástrofes e a barbárie? Fechar as torneiras sem recuperar as fontes; endurecer as leis para punir maiores e menores de idade sem distribuir a riqueza; multar as empresas sem interromper a produção de lixo e de lama que estarão sempre a postos para escorrerem pelos vales, basta um simples tremor de terra e tudo desce para o mar. As lições e as ameaças estão expostas na cartilha da incontrolabilidade do capital, impedidas, é verdade, de serem compreendidas pelo analfabetismo dos que defendem o desenvolvimentismo e a tática puramente eleitoral.       
Diante do desenvolvimento regressivo e da barbárie, a conclusão é simples: só o socialismo pode salvar a humanidade. E não adianta procurar outro caminho ou disfarçar a responsabilidade de realizar a revolução se quisermos salvar o que ainda resta do planeta. Ou se impõe um freio ao capital ou a terra se tornará um deserto inabitável. O produtivismo cada vez mais tecnificado, não cria mais as condições para o socialismo, mas leva ao agravamento da barbárie. Chegou o tempo de espalhar mensagens que ascendam nas consciência o espírito das revoltas.                                            
                                                            
Ademar Bogo, Filósofo, Escritor e Agricultor

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