As
gerações nascidas na primeira metade do século XX, conviveram com um conceito
temeroso conhecido como “Guerra nas estrelas”. Essa estratégia passou a vigorar
na área militar após as duas grandes guerras mundiais, quando o mundo terreno
foi oportunamente repartido pelas potências mundiais, mas restava ainda conquistarem
o mundo das estrelas.
Quase
que repetindo as fantasias platônicas, o qual dividia o universo em dois mundos:
o inteligível onde residia as ideias perfeitas e, o mundo sensível, terreno, no
qual reproduzia-se as cópias, geralmente imperfeitas, porque as capacidades
naturais eram sempre inferiores às habilidades dos deuses. A guerra nas
estrelas, de algum modo, levou as ideias para o espaço. Muita tecnologia foi
criada por esta concepção desbravadora de outros planetas, como também, ainda
busca condições para habitá-los.
De
outro modo, Aristóteles havia sido bem mais realista. Intuiu que existem dois
mundos: o supralunar (desconhecido) e o sublunar, possível de ser conhecido,
pois, abaixo da lua tudo era possível de ser conhecido. Foi neste segundo mundo
que a estratégia da “guerra nas estrelas” se situou tecnologicamente, com a
instalação de satélites, sondas, estações, foguetes e outros meios de
vigilância, capazes de fazerem as nações mais fracas submeterem-se às demais. Este
conceito de controle sublunar nos é mais compreensível, isto porque, as nações
disputam o poder sobre esse espaço, enquanto se preparam para dominarem a parte
superior do universo.
Se
a “Guerra nas Estrelas” era uma intensa concorrência entre as potências para
saber quem conseguiria levar a vida humana para lá, ainda deverá fazê-lo; porém,
o olhar de cima, por intermédio de lentes, tornou-se perigoso para elas no
mundo sublunar. As localizações dos alvos são precisas e certeiras, pois, a
mira governada por raios laser chega primeiro do que as balas e marca os pontos
a serem perfurados. No entanto, há uma fragilidade nesse mundo terreno; da
mesma forma que acontece entre as árvores, a concorrência não se dá apenas
entre aquelas árvores que têm a copa mais alta, mas também as raízes mais
profundas, para sustentarem-se quando os vendavais violentam a floresta. Os de
cima, ainda moram aqui embaixo e não é difícil de localizar os seus
investimentos.
Nas
últimas décadas, o conceito de “Guerra
Fria” tornou-se coisa do passado e, os combates voltaram a ser com fogo e
chumbo. Com a queda da União Soviética, os imperialistas imaginaram que o mundo
havia se tornado unipolar, e o capitalismo estava salvo das ameaças comunistas.
Ledo engano, diante da autossuficiência dos fortes, os fracos ousaram
desafiá-los com as práticas mais simples: solucionar os problemas socioeconômicos
sobre a terra. Foi então que algumas economias cresceram mais do que o
esperado. Os mercados passaram a ser inundados pelas mercadorias baratas que levaram
à falência as fábricas locais. O próprio capital excedente, ao invés de
investir na produção, transmutou-se para a especulação, levando o império dos
Estados Unidos, principalmente, a manter as armas apontadas contra os múltiplos
inimigos, porém, sem capacidade para produzir a própria munição.
De
um ano para outro, após dois séculos de exploração imperialista, os fracos e
humilhados levantaram a cabeça: México, Colômbia, Venezuela e Brasil, no
coração das américas, começaram a dizer “não”, aos Estados Unidos, e prometem
aliarem-se com outras referências, como a China e a Rússia, formando outro
bloco alheio ao G20, chamado inicialmente de BRICs (Brasil, Rússia, Índia e
China), mas outras nações também se somam e estreitam as relações.
Embora
esse ascenso seja institucional ele cumpre o papel de encorajar as lutas locais
e continentais, a atacarem no mundo terreno, onde vivem e trabalham os mortais,
todos os vestígios de intervenção. Com os alvos ampliados, as tecnologias
aéreas perderão a eficiência, porque será a força física contra a tecnologia
armamentista e a inteligência humana, acima da inteligência artificial, que
comandarão o planejamento da vida sobre a terra.
Fora
as contradições da globalização que criou as condições para o revigoramento do
internacionalismo e s solidariedade entre os povos. A defesa da é demonstração
vital de que uma parte da humanidade continua ativa e dispostas a tomar em suas
mãos o destino do planeta. Os clamores por justiça ecoam pelos ares e tocam os
ouvidos das populações exploradas, para que reajam contra os criadores da
miséria, da violência e da dominação. É com coragem e unidade que as classes
dominantes, em qualquer parte do mundo, serão definitivamente dominadas.
É
preciso preparar-se para o ascenso das lutas unitárias; elas serão locais mas
de alcance universal, porque a causa será comum. Os impérios fracassam quando
perdem o controle sobre os povos. Nenhuma tecnologia será capaz de impor a obediência
total, quando, por revolta ou por consciência as pessoas decidirem conquistar a
própria liberdade.
Ademar
Bogo