domingo, 10 de março de 2024

GENOCÍDIO É POUCO

                   

         A palavra “genocídio”, tem a sua primeira parte composta pelo vocábulo grego, “geno”. Grosso modo significa uma estrutura social formada por pessoas com vínculos sanguíneos e, o complemento, “cide” emerge do latim que quer dizer, matar. Incorporados esses termos à língua portuguesa, foram jungidos e passaram a significar uma só definição, correspondente às práticas de matar e exterminar uma parte ou o todo de um grupo social, cuja identidade étnica lhe é comum na cultura, na cooperação, nos valores, na religião, etc.

            Por outro lado, se revisarmos o conjunto de termos aproximados que representam ações comportamentais avessas à humanização, palavras como, “chacina” e “massacre” nos levam a identificar nos mesmos atos de extermínio coletivos de pessoas, características genocidas pois, às vítimas das matanças coletivas não é dado direito algum a se defenderem.

Realizadas em múltiplas situações, as ações encaixadas nos termos acima tomadas como genocídio, os massacres e chacinas, produzem na opinião pública cada vez menos impactos. A razão para isto é que nas explicações midiáticas as vítimas, propositalmente são classificadas como culpadas e os agressores sempre vistos como heróis. A ideologia capitalista, seja em Israel ou nas periferias das cidades brasileiras, transforma os crimes em virtudes e os abusos cometidos pelas forças oficiais, em direito à defesa. O sistema estruturado para matar já esconde o Ethos perverso do capitalismo em decadência, e também o caráter cada vez mais desajustado de governantes, mandantes e executores das ações de morte.

Conceituar as ações prolongadas de genocídio, chacina ou massacre, diante da evolução da barbárie é muito pouco, pois nas ações não se faz presente apenas o gesto de matar, acompanham essas desprezíveis expressões, outras atitudes adjetivadas que explicam a destemperança psicológica dos genocidas, mandantes e executores das matanças, em guerras declaradas ou nas invasões de comunidades pobremente habitadas por pessoas da mesma etnia. Portanto, não se trata de serem classificados como crimes comuns; são ações conscientes, pensadas e financiadas por governos, estados, grupos e indivíduos de caráter desumanizado, abomináveis pessoalmente, tanto quanto as ações que praticam.

 Ao analisarmos as diversas maleficências incorporadas ao uso da violência, como a “crueldade”, percebemos como os seus praticantes, além de eliminarem as vítimas pré-selecionadas, vão além e adentram para o sufocamento coletivo, avançando até o ponto da satisfação prazerosa de agredir e torturar, expandindo o sofrimento dos ofendidos para além da carne de cada corpo abatido, até alcançarem os descendentes étnicos e grupos consanguíneos inocentes.  

            Do mesmo modo as demonstrações de “perversidades” dos agressores vão além das ações; representam as atitudes praticadas por sujeitos de estrutura comportamental perversa. Por assim serem, os perversos intensificam o sofrimento e a dor em suas vítimas para extraírem dos atos de torturas, o maior prazer possível. Quando as perversidades tornam-se práticas políticas, é porque a inteligência das instituições incorporou a essência perversa e os agentes e forças das instituições, são autorizadas a elevarem o grau de sofrimento, humilhação e terror, ao grau do insuportável. Há um terrorismo de Estado sendo praticado por Israel motivada pela estrutura psíquica perversa de seus governantes.

            Dentre os promotores das práticas genocidas, destacam-se ainda os “Sanguinários”. São matadores oficiais identificados com o derramamento de sangue de suas vítimas. Saem cotidianamente a procura de alguém para matar. Alimentam o ódio com convicções sionistas, machistas, misóginas, racistas etc., contra as vítimas que se tornam alvos em série. Há pessoas, milicias e governos sanguinários que impõe a cultura da arma e educam para matar.

            Na mesma linha encontramos os matadores destrutivos, conhecidos como “ruinosos” (ruinosus), pois, além de matarem as pessoas provocam ruínas as habitações e estruturas físicas sociais como prédios, hospitais, escolas etc. De antemão a ordem é matar e quebrar, destruir, estragar e arrasar para tornar a vida dos sobreviventes um verdadeiro caos. Ao arrasarem um território invadido, propositalmente os agressores estendem a vingança contra todas as pessoas que ali habitam, desabrigando-as para que se sintam também culpadas e se intimidem para posteriormente não tentarem nenhuma reação. 

            Distintamente esses malfeitores também podem ser denominados de “desnaturados” por serem destituídos de sentimentos naturais, característicos dos seres humanos. Alguém que se desnatura, se distancia da harmonia cultural e passa a apresentar-se desrespeitosamente diante de todos os valores e princípios humanitários. O termo “desnaturalizado” também tem o mesmo sentido; representa alguém que perde a naturalidade tornando-se invasor e forasteiro em terra estranha.

Ao agir indiscriminadamente contra pessoas indefesas os promotores da violência são ainda classificados como “impiedosos”, característica dos sujeitos sem compaixão ou compadecimento com as pessoas que sofrem. Ao contrário tudo fazem para aumentarem o sofrimento alheio até que os seus interesses sejam alcançados. Geralmente as atitudes impiedosas são praticadas por indivíduos que julgam terem sido desrespeitados, surpreendidos e desmoralizados em sua prepotência pelas vítimas. Para o impiedoso vale a sua crença transformada em critério de justiça e parâmetro de interpretação das normas morais.

Na trajetória da violência vão se formando os “facínoras”. Denominamos assim os indivíduos fascinados e de relação direta com o fascismo. Quando um facínora age executando todas as ações expostas acima enquadra-se na classificação de homicida, quando formam grupos ou se abrigam na própria estrutura do Estado criam movimentos como o nazismo e o fascismo.  Sendo assim os facínoras se adaptam à barbárie, liderando e praticando ações orientadas pelas suas próprias leis. Não há direito algum a ser reivindicado pela vítima. O fascista fascinado é um facínora que transforma as suas vontades em ordens a serem cumpridas a qualquer custo, formando assim um mundo particular para satisfazer os seus desejos transviados.

Poderíamos tomar qualquer um todos os vocábulos acima e, certamente encontraremos no mundo pontos latentes para confirmar que assim é, mas, principalmente em Gaza na Palestina vemos algo que o Estado de Israel representa o que a civilização criou de pior depois do nazismo. A insistência em destruir as forças de oposição que combate pela liberdade de um povo tornou-se uma doença que tem o nome de sionismo. Mas não só. Os países aliados de Israel que fornecem armas para matar os palestinos, são também criminosos, facínoras e sanguinários. Da mesma forma o são os grupos nos países que defendem o “direito de Israel a se defender”, são imitadores e arremedos de carniceiros que se alimentam do ódio para crescerem e um dia virem a implantar as mesma práticas em nossos continentes.

Diante da matança generalizada genocídio é muito pouco, devemos chamar de barbárie e nos colocar em posição de luta pela superação do capitalismo. Somente o socialismo poderá pôr fim na violência civilizatória e tratar os desajustados com os métodos da valorização da vida e não da morte.

                                                                                                         Ademar Bogo

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