domingo, 15 de maio de 2022

PROBLEMAS DE ORGANIZAÇÃO

            Sempre que nos deparamos com desafios políticos, lembramos da organização. Repetimos o que ocorre com a doença. Quando ela chega corremos em busca de remédios. Faz sentido a semelhança sobre tais comportamentos se considerarmos que a História pode ser adaptada ou moldada segundo as nossas vontades e desejos.

            Como na vida pessoal temos dois parâmetros orientadores reveladores de quem somos socialmente: a imaturidade juvenil e a maturidade adulta. Na primeira, fazemos as coisas como se o futuro estivesse lá no alto do horizonte e os esforços para chegar até lá podem ser empregados despreocupadamente. Afinal, o jovem sempre terá tempo de acertar as suas deformidades comportamentais.

            A maturidade, por sua vez, exige definições mais seguras, porque o horizonte é uma meta obrigatória a ser alcançada e qualquer esforço ou posição errada, pode levar ao fracasso e comprometer os destinos da História, como também, a segurança das pessoas que lutam.

            Sabemos pelas ofensivas das lutas revolucionárias, em diferentes partes do mundo que, os processos, devido as condições materiais e a colocação das forças, se reestruturam e exigem mudanças também nas formas de organizar e combater os inimigos do processo político em andamento.

            Não faz muito tempo, o saudoso Plínio de Arruda Sampaio, um exímio formulador de diagnósticos conjunturais, ao descrever a própria enfermidade, quase num ato de arrependimento por não ter prestado atenção e se cuidado a tempo, disse: “O corpo sempre manda recados”. Os processos políticos por serem movimentos vivos, também mandam avisos de algo que poderá acontecer se não forem tomadas as algumas providências; isto porque, conforme as circunstâncias atuais, o primeiro esforço para pensarmos as futuras estratégias, depende de continuarmos vivos.

            Antes de tudo, é importante destacar para que todas as forças de esquerda caídas, há algumas décadas, na vala comum das disputas eleitorais, que a situação das mesmas mudou profundamente e, para perceber isto, basta fazer breves comparações com o passado em que as massas iam em direção as praças para, aproveitarem dos atos, conhecerem artistas, ao mesmo tempo que contribuíam com as campanhas transformando-as em verdadeiras festas populares.

            Nos últimos anos, a cada dia surgem afirmações de sinais de que nada será como antes e, por isso, a imaturidade política tornou-se intolerável. Quais são os três principais sinais: a) a exacerbação dos instintos nas redes sociais, pondo dúvida antecipada à eficiência das urnas eletrônicas; o ataque ao poder judiciário e a promessa de que as forças armadas estão do lado e a serviço da ofensiva totalitária; b) o armamento de militantes e milícias com posições extremistas e, c) as “motociatas” que serviram até aqui como ensaios para a perturbação motorizada.

            Estes claros sinais indicam que a campanha eleitoral para presidente da república de 2022 terá ingredientes diferenciados e, cabe aos devotos desta tática assumiram a responsabilidade de eliminar qualquer tipo de ingenuidade e Boa-fé, para evitar danos irremediáveis.

            O verbo “tumultuar” certamente já entrou na linguagem neo-nazista e a sua conjugação será procedida por meio de ações perversas, antidemocráticas e criminosas. Para combater uma força é necessário apelar para outra força ainda maior. Para combater a conjugação do verbo “tumultuar”, devemos confrontar o verbo “organizar”. Os sinais enviados aos imaturos e adoradores do pacifismo, ecoam por meio de perguntas: 1) O que fareis quando um grupo armado, ao som das rajadas de armas de todos os calibres, dispersarem as multidões presentes nos comícios? 2) O que fareis quando um movimento de milhares de motos, com descargas modificadas, cercarem as praças e os atos ficarem incomunicáveis? O que fareis quando os resultados das urnas forem questionados, os candidatos eleitos atacados ou mortos e um movimento militar, em nome da ordem, assumir o poder?

            Os sinais conjunturais alertam os imaturos que não basta olhar para os números das pesquisas e satisfazer-se com alguma vantagem. A cortina de defesa da legalidade se tornou frágil que pode ser rompida a qualquer momento. Isso nos diz que, a política, mesmo na mais pura legalidade mudou de patamar e, o jogo de forças, agora, não depende apenas de alianças, marqueteiros, bandeiras e panfletos, mas de homens e mulheres organizados, capazes de riscarem o chão e, como dizia no passado, em tom de ameaça; “Daqui pra cá, ninguém passa”.

            Não temos outro processo, é dentro deste atual, criado pelas circunstâncias históricas e escolhas equivocadas no passado que a maturidade deve ser forjada. E, tomara que as ruas ensinem a ver a política como movimento permanente e nunca satisfeita com os resultados alcançados. Querer mais é também se propor a fazer mais e melhor.

                                                                                                                      Ademar Bogo

                         

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