Há quem coloque o Brasil frente aos demais
países da América Latina, como sendo um “gigante” diante dos minúsculos países
vizinhos, que falam outra língua e pouco têm a oferecer em termos de alianças
políticas, comerciais ou culturais. Esquecem os que assim pensam que, o gigantismo, as diferenças
de origens étnicas, línguas e potenciais econômicos, não evitam a submissão ao
mesmo império dos Estados Unidos da América.
Quem quiser fazer apanhados
históricos reunirá períodos favoráveis e contra o império. Podemos citar como
exemplo positivo as independências que, entre 1810 até 1824 praticamente todos
os países as realizaram e que tal façanha nunca mais se repetiu. Mais adiante,
após a Segunda Guerra Mundial, tivemos, negativamente, a onda dos golpes militares,
iniciando pela Guatemala em 1954. No mesmo ano, houve a tentativa de golpe no Brasil; não se efetivou, devido ao suicídio do presidente Getúlio Vargas,
retardando o mesmo para o ano de 1964. Daí, em diante, vários outros golpes foram
encadeados por todo o continente.
Passada a onda dos golpes militares
tivemos, as “aberturas democráticas” manejadas dentro da ordem. Uma quantidade
significativa de países experimentaram, pelas disputas eleitorais, diversas
conquistas governamentais. Por fim, estamos diante de uma nova onda, que são os
golpes institucionais, efetuados mansamente pelos parlamentos em harmonia com o
poder judiciário contra o poder executivo em cada país.
Nesse sentido, do ponto de vista das
forças políticas e revolucionárias, temos três resultados a considerar.
Primeiramente, os processos que foram aniquilados. Podemos citar como exemplo,
o Chile e a sua tentativa socialista em 1973. A Guatemala, da mesma forma, com o
ataque contra o Comitê de Unidad Campesina – CUC. No Peru, a violência foi
contra o MRTA – Movimento revolucionário Túpac Amaru e também ali foi dizimado
o Movimento, popularmente conhecido, como Sendero Luminoso. No Uruguai, o
extermínio do Movimento de Libertação Nacional – Tupamaros. Assim podemos
seguir citando, a Bolívia, o Brasil a Argentina etc.
Em segundo lugar, destacamos os
processos transformados por dentro da institucionalidade, desde os mais
radicais, como a Nicarágua, Venezuela, Bolívia e Equador, até os menos radicais,
como o Brasil, a Argentina e o Paraguai, que inseriram-se nas disputas
eleitorais e transfiguraram o movimento em favor da ordem. E, em terceiro lugar,
temos os processos ainda em andamento, combatidos, mas também controlados pelo
império, como é o caso dos Zapatistas no México e as organizações guerrilheiras
na Colômbia.
Para quem procura uma alternativa
para sair da situação de descenso das lutas revolucionárias, é importante
considerar, que experimentamos três diferentes caminhos e continuam existindo:
a) Contra os capitalistas e o Estado. São as lutas revolucionárias em geral e
ainda presentes nas guerrilhas colombianas e mexicanas. b) Contra
os capitalistas, mas a favor do Estado. Podemos citar os países da Venezuela,
Bolívia e Equador e, c) A favor dos capitalistas e a favor do Estado. Aparece
com evidência o Brasil com a transmutação petista, o Uruguai, Paraguai e outros
que escolheram a via da conciliação; esta, em franca derrota.
Se os três caminhos citados acima não
lograram triunfar e derrotar o imperialismo, não significa que nada ensinam ou que não possam, em
parte, serem novamente utilizados. Demonstram que isoladamente e sem decisão
para a ruptura com a ordem capitalista e com o Estado, tendo em frente diversas
rupturas para tornar a revolução permanente, é impossível avançar.
Os ensinamentos de Simon Bolívar e
Ernesto Che Guevara, de formarmos uma só pátria continental, são atuais e é
preciso retomá-los e praticá-los. É preciso decidir-se e colocar como ponto de
união entre os povos, a transição para o socialismo. Daí, incentivar que, em
cada lugar, cada força encontre a forma correta e adequada de combate, para
chegarmos à mesma reunião, marcada para o mesmo endereço: o socialismo.
Ademar Bogo. Filósofo, escritor e
agricultor. Autor do livro: Organização política e política de quadros.
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