Neste
ano de 2018, em 05 de Maio, comemoramos duzentos anos de nascimento Karl Marx.
Sabemos que as datas são simbólicas que contam os pedaços daquilo que o tempo
conta por inteiro; no entanto, elas ajudam a lembrar das origens ou das raízes
sobre as quais se sustentam grandes construções.
Ao
vivermos tempos tão duros e inseguros é importante olharmos para o passado e
tomarmos posse das heranças. Marx é mais que um pensador é uma doação de
história humana, tomada às vezes, indevidamente, outras vezes disputada,
perseguida ou torturada para que deixe de ser. Com a mesma história, vitórias
foram construídas e depois perdidas; esforços foram empregados e derrotados;
vidas foram comprometidas e revividas. Quaisquer que tenham sido os resultados,
todos eles foram iniciados com a certeza de que, a liberdade é a razão de ser
da humanidade.
Marx,
com genialidade intelectual, não é superior nem tampouco igual a tantas
inteligências existidas. A sua teoria social é a continuação e a superação de
tudo aquilo que de bom a humanidade até ele havia produzido. Há tempos em que
um líder, um pensador ou um visionário se levanta e, ao compreender os tempos
atuais, aponta para o futuro, reduz o tempo e antecipa aquilo que será. Não
sabem o que será daquilo que será na totalidade, mas mostram pelo menos a
metade do tempo vindouro que conseguem antever. Marx viu e pôde ver aquilo que
foi que veio e que virá a ser real, mesmo que parcial.
Ao
compreender as leis, Moisés escreveu nas pedras os mandamentos; Euclides de
Alexandria, pelas leis da simetria, inventou a geometria. Newton, descobriu as
leis da física que permitem verificar o comportamento dos corpos estáticos e
dinâmicos no universo; Marx descobriu as leis de funcionamento do capitalismo
e, com seu senso crítico, pode propor o socialismo científico.
Dessa
forma, pode-se acrescentar conteúdo aos mandamentos; tecer soluções sobre a
moral, mas, a base teórica da civilização cristã é aquela nas pedras escavadas
a marteladas. A geometria evoluiu, mas não consegue desfazer-se do que Euclides
fez. A física está sempre em evolução, mas ninguém pôde negar a lei da
gravitação. De modo que, as criticas que renegam a teoria social de Marx como
se ela estivesse superada, ou que já seja insuficiente, é totalmente
inconsequente.
Marx
é o texto da leitura atual. Com ele compreendemos as crises, a exploração, as
formas do valor, a natureza do trabalho, a formação dos preços, os créditos, os
juros e a superação do modo de produção. Do socialismo utópico ao socialismo
científico; da superação do Estado e do poder político, tudo está dito e
escrito. O que se pode fazer é acrescentar aspectos e complementações, mas o
essencial do estrutural continua sendo e valendo.
Este
ano é o momento de recolocar Marx no centro do debate e, ao mesmo tempo, sair
para o combate contra as ideias liberais. É tempo de mostrar que a filosofia e
a ciência devem voltar a ocupar o espaço das consciências e fazê-las melhorar.
Se para muitos, estamos na esfera digital por isso as novas gerações têm outros
métodos e outros compromissos; não devemos dizer que não podem ter; o que não
podem é ser omissos e ignorar o conteúdo do estudo que explica tudo. A era
digital não se desfez do capital e da mais-valia, pelo contrário, aumentou a quantidade
das mercadorias e a qualidade da exploração. Este ano, portanto, é o momento de
fazermos os acontecimentos terem cheiro de marxismo, porque, por mais que a
prática política revele todas as precariedades, o destino da humanidade é o
Comunismo.
Façamos
deste ano uma conjugação entre teoria, escrita e ação. Tomemos as ideias de
Marx como lemas e passemos a revelá-los como temas de encontros, cursos e
textos elaborados. Um tema para cada encontro ou para cada dia: Marx e a
filosofia; Marx e a economia; Marx e o Direito; Marx e a educação; Marx e
a cultura; Marx e a ecologia; Marx e a religião etc.
Concursos
de músicas, poemas, crônicas e contos, nas escolas; místicas, monumentos,
vídeos e pinturas que possam resgatar pela cultura os principais textos de
Marx, como os Manuscritos econômicos e filosóficos; a questão judaica; A
ideologia Alemã; Miséria da filosofia; manifesto do partido comunista; O 18
Brumário de Louis Bonaparte; O capital... Ou seja, para produzir, criar e
escrever, é preciso antes ler e compreender. Como o mote que guia o repentista,
aqui o texto orienta a criatividade marxista.
Em
fim, é tempo de enfrentamentos. A Ideia da “escola sem partido” tem se dedicado
a partidarizar a educação. Atacam o pensamento crítico, mas aceitam e intensificam
o pensamento ridículo. As mentiras, calúnias e perseguições, voltam-se contra
Marx e os marxistas como ocorrera no passado. Enfrentar é a melhor forma de
negar o pensamento desqualificado.