Vladimir Lenin, o dirigente
principal da revolução russa de 1917, ao analisar o desenvolvimento do
capitalismo, no início do século XX, estabeleceu a referência conceitual de que
ele é a “fase superior” e, consequentemente a última fase do capitalismo. Rosa
Luxemburgo, em meio à Primeira Guerra mundial, percebendo a avidez destrutiva
dos capitalistas, deu-se conta de que a última fase do capitalismo apresentava
um dilema para a humanidade, obrigando-a a marchar por um dos dois caminhos
opostos: para o socialismo ou para a barbárie.
Essas ideias, entre os setores
intelectualizados e, principalmente no campo da filosofia, dão ainda muito o
que falar e, estranhamente, nos meios políticos em geral, incluindo aí as forças
de “esquerda” pouco se discute esses assuntos, principalmente porque a política
não se orienta pelos problemas filosóficos, como por exemplo: o que é o
progresso? O que é o futuro? O que é a barbárie? O que é o imperialismo? etc.,
preferem discutir os interesses imediatos, como se estivessem em plena viagem à
noite com um meio de transporte de faróis apagados.
É evidente que Lenin preocupou-se em
considerar a fase monopolista do capital como a mais avançada, mas não se
descuidou de apontar as diferenças entre as tendências expansionistas da época,
sendo que a Rússia representava um tipo de “imperialismo militar-feudal”; a
Inglaterra atuava como “imperialismo-colonial”; a Alemanha como “imperialismo
junker” (capital agrário); e, a França como “imperialismo usurário”. Essa
classificação no final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, já era bem
diferente.
No momento em que se encerrou
Segunda Grande Guerra, os capitalistas mundiais desejavam avidamente emprestar
as suas pernas e cabeças para levar o capital a todos recantos do mundo. Numa
primeira fase, como disse Mészáros, de “destruição produtiva”, que podemos
exemplificar com a formação das grandes metrópoles, o avanço da
industrialização, a valorização do valor etc., em busca de fazer crescer as
economias e, posteriormente, a fase com a qual estamos convivendo, que é a da
“produção destrutiva”. Esta fase é perversa porque, ela se move pela destruição
dos empregos, das florestas, da indústria e do próprio planeta se precisar.
Mas é importante retornar ao conteúdo
do conceito do imperialismo como “fase última do capitalismo” e considerar que
o capital se move, tendo como veículo, o poder bélico de cada país. Há quem
atue por meio da “política sentimental” e valorize o suposto mundo das disputas
internacionais, admirando um dos lados como se estivéssemos ainda no tempo da “Guerra
Fria”. Isso leva a perguntar: se são diferentes, qual império é melhor para a
humanidade? O dos Estados Unidos da América; o da China; o da Rússia ou o do
bloco formado pelos países da Europa?
Se considerarmos as disputas
internacionais é evidente que sempre torcemos pela derrota do império que nos
massacra, mas, a derrota deste, não nos torna livre se a liberdade não for
conquistada pela própria luta. No entanto, considerando que todos os impérios
se movem pelo poder do capital, haveria uma perspectiva futura de que, dentre
eles, um se destaque e mude a natureza a favor da superação do capitalismo e da
transição socialista? A China, por exemplo, com pesados investimentos de
capital nos mais diversos países do mundo, estaria disposta, no momento em que
os Estados Unidos deixarem de ser um império, a entregar para os trabalhadores
locais, para que assumam como proprietários aqueles investimentos?
O que temos como certo é de que, o
imperialismo e a barbárie são como os dois pólos da corrente elétrica, que se
unem no bocal da lâmpada para expressar a luz. Um pólo não funciona sem o
outro. Sendo assim, se há imperialismo há também barbárie. A fase do
imperialismo determina também a fase, baixa, média ou alta barbárie,
Tendo em vista que crise do
capitalismo tornou-se estrutural e não há mais como fazê-lo evoluir
produtivamente, estamos sendo carregados pela fase “destrutiva do imperialismo”,
que coloca a humanidade em risco e, se não houver reação, a tendência é a
humanidade mergulhar em um profundo retrocesso.
Então, a inteligência filosófica,
volta a cobrar uma nova resposta já colocada por Nietzsche: onde devemos
colocar a nossa esperança?
Conforme já indicamos, precisamos nos
preparar para a vida “depois da barbárie”. As elites mundiais, com o avanço da
tecnologia, desbravam o espaço como fizeram Portugal e a Espanha quando, em
1417, os estudiosos da Escola de Sagres aperfeiçoaram a Bússola que permitiu
navegar com segurança pelos Oceanos. As conquistas do espaço impulsionarão o
retorno às formas de produção escravistas que sequestrava, raptava e
comercializava os habitantes do continente africano,desta vez do planeta
inteiro.
Se a ingenuidade platônica que considerava
existir um mundo inteligível para as ideias e um mundo sensível para os corpos
físicos e, da mesma forma Santo Agostinho, 600 anos depois, tomando as mesmas
referências intuiu que havia duas cidades, a de Deus e a dos homens; na
primeira, situada lá no espaço, tinha na terra como representante a Igreja,
tudo era bom; na segunda situada aqui na terra, representada pelo Estado, tudo
era ruim injusto e desigual, ambos os entendimentos podem vir a ser confirmados
até a metade deste século.
A avidez com que os capitalistas olham
para o espaço, mostra com projetos avançados que, setores da sociedade que
possuem poder econômico, preparam-se para mudarem para lá, fazendo da terra uma
simples colônia de exploração humana, reserva de força de trabalho e estoque de
matéria prima.
No século XVIII, o feudalismo para a
burguesia havia se tornado insuportável, principalmente porque as relações
capitalistas apontavam, para ela que, fazendo a Revolução Francesa haveria um
futuro promissor. Na atualidade, o capitalismo tornou-se insuportável, não há
rota de fuga, e, por isso, as revoluções socialistas tornaram-se
imprescindíveis.
Ademar
Bogo
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