Karl
Marx ao tratar sobre “A guerra civil na França”, destacou que: “Se a Comuna era,
assim, o verdadeiro representante de todos os elementos sãos da sociedade francesa
e, portanto, o verdadeiro governo nacional, ela era ao mesmo tempo, como
governo de operários, campeã intrépida da emancipação do trabalho
expressivamente internacional”.[1]
Vemos
na atualidade, 152 anos depois a Comuna de Gaza ressurgindo. Para aqueles que
imaginavam Israel trucidando o Hamas em poucos dias, já passam de seis semanas
e os bravos lutadores, com as suas táticas de defesa, continuam combatendo.
Essa resistência já é a mais emblemática referência internacional.
Apesar
da propaganda contrária, pois, é sempre do domínio da análise incluir como
ponto essencial da interpretação dos conflitos, uma carga exagerada de
ideologia, imposta pela capacidade de formulação das forças dominantes, para
desmerecerem e aniquilarem a verdade do lado oposto. Com isso, os
enfrentamentos locais ganham sempre novos reforços universais, pois, as
barreiras dos dados impedem de se ter as informações completas.
O
pacto de covardia firmado entre as grandes potências capitalistas reunidas em
torno da referência do Estado de Israel, impõem uma narrativa convincente de
que há, de um lado, “tropas” militares treinadas e oficialmente liberadas para
agirem impondo qualquer condições e, do outro lado, apenas um “grupo” de
terroristas impiedosos que sequestraram duas centenas de pessoas de bem e, por
isso, precisam ser eliminados junto com o seu povo.
As
notícias espalham pelo mundo, o lado cruel dos palestinos, enquanto aliviam e
vitimizam os agressores israelenses que agem fazendo justamente o oposto, sem contudo
parecerem terroristas de verdade.
O
que é o terrorismo? Grosso modo, ele representa ser uma maneira de impor a
vontade política por meio da violência, da destruição e do medo. No entanto,
qualquer ato cujo objetivo é derrotar um inimigo será portador desses atributos,
por isso, as palavras nem sempre são sinceras e refletem a realidade.
Colocados
os agravantes frente a frente, os resultados mostram que os papeis se invertem.
Se Israel foi penalizado com duas centenas de reféns, a população palestina, principalmente os 2,4
milhões que habitam atualmente a faixa de Gaza, há décadas são prisioneiros
políticos de Israel. Para além disso, deixar a população sem acesso a água, energia,
combustível, alimentos, remédios etc., bombardear hospitais, impedir que os
feridos sejam transferidos e os mortos de serem sepultados, não seria o grau
mais elevado de terror, pois não se trata de um ato, mas de uma continuidade
histórica de barbárie?
A
vergonhosa posição de muitos governos e dos organismos internacionais que optam
pelo “envolvimento respeitoso”, para não ferir o suposto “direito de Israel a
se defender”, quando na verdade os palestinos nunca deixaram de serem atacados.
O que esperam alcançar?
O
direito à legitima defesa deve ser exercido quando há uma ameaça iminente contra
a vida. O que Israel está fazendo é uma invasão de território de um povo que
não quer destruir o outro, nem mesmo atacar o Estado vizinho, mas reivindica
apenas o reconhecimento da própria soberania. Quem luta para garantir o direito
a existir são os palestinos e o fazem em solo próprio por eles reivindicado.
Esse
é o ponto. Na medida que a mesma garantia dada a Israel em 1948 quando foi
oficializado pela Organização das Nações Unidas, a divisão do território, ficando
52% para os judeus, o mesmo não foi feito e nem respeitado com os 48% do
território palestino. O que houve nos últimos tempos é que as terras da
Cisjordânia e da Faixa de Gaza foram invadidas por mais de duzentos mil judeus,
com apoio e infraestrutura oferecida pelo Estado de Israel e isso é uma
provocação constante.
É
importante que as informações corretas cheguem aos ouvidos do mundo. Dessas informações depende a solidariedade
internacional aos palestinos. Os gestos de defesa da causa palestina não se tratam
apenas de atitudes humanitárias, mas da luta pela emancipação de um povo,
impedida pelo terrorismo imperialista que se vale da divergência local para
manter pressão e controle sobre as nações árabes frontalmente opostas aos
Estados Unidos da América.
Viva
a Comuna da Palestina!
Ademar
Bogo
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