O
filósofo Friedrich Engels, ao escrever o livro “Anti-Dühring” acentua com
profundidade as causas e as diversidades de formas de violência principalmente,
econômica. Ao se reportar às armas destaca que: “Estes instrumentos, que não
brotam do solo por si sós, tiveram de ser produzidos, o que equivale a dizer
que o produtor dos mais perfeitos instrumentos de violência, que são as armas,
triunfa sobre o produtor dos mais imperfeitos. Daí temos de reconhecer, em
resumo, que a vitória da violência se reduz à produção de armas e que esta, por
sua vez, se reduz à produção em geral, e, portanto, ao "poderio
econômico", à "situação econômica", aos meios materiais
colocados à disposição da vontade de violência”[1]
A
violência na Palestina tem nome: “Crime de invasão”. Ela se amplia desde o
início do século passado, quando por meio do movimento “Sionista” o poder econômico
europeu contribuiu para que os colonos judeus comprassem terras na região da
Palestina para reiniciar um núcleo de organização dos judeus dispersos pelo
mundo.
Na atualidade essa invasão atende pelo nome de
“vingança poderosa”. Na verdade, a reação proposta pelo Hamas de quebrar as
barreiras da opressão, poderíamos considerá-la como uma “revolta prisional”,
pois, o governo de Israel mantém isolados, há décadas, mais de 2 milhões de
palestinos, em um território prisional de 225 quilômetros quadrados.
As
potências capitalistas do mundo, através de seus líderes, seguidos por outros
menos importantes, declaram que: “Israel tem o direito a se defender”, mas não
defendem nenhum limite aos ataques, nem ao oferecimento de armas e assessoria
militar. Por outro lado, os que sempre defenderam os direitos dos palestinos de
terem o seu Estado, com território demarcado e reconhecido, continuam com a
mesma posição, mas sem demonstrarem nenhum gesto de proteção.
Muitas
opiniões manifestam sentimentos de penalização aos judeus apoiando-se no holocausto
dos mesmos, nas câmaras de gás, controladas pelo alemães nazistas no decorrer
da Segunda Guerra Mundial. Aquela barbárie cometida contra seres humanos, sequestrados,
presos e violentados, deve ser rechaçada e organizar-se para que nunca mais
venha acontecer. No entanto, os judeus que hoje, agem com seus métodos também
perversos, deixando sem água, remédios e alimentos, milhares de homens, mulheres
e crianças, cultivam a mesma filosofia
sionista surgida na Europa, no final do século XIX, quando os seus
representantes buscaram criar o Estado de Israel, sobre os territórios pertencentes
ao que era a Palestina.
Ao
fazer referência a Sião, da qual surge a palavra que deu nome ao movimento “sionista”,
retomam os seus criadores, os textos bíblicos e, passam a fazer política com os
fundamentos religiosos. O “Monte Sião”, situado em Jerusalém, serviu de
referência simbólica para que o judaísmo lutasse a favor da formação do Estado
de Israel, com a clara intenção de fazer a “limpeza étnica da Palestina”. Sem
prolongar muito as explicações, esse movimento foi vitorioso e em 14 de Maio de
1948, por ordem da Organização das Nações Unidas – ONU – que aprovou, a partir
da Resolução 181, a divisão da Palestina, deixando 53,5% do território para
Israel que, não satisfeito, após a oficialização de suas reinvindicações,
passou a invadir e assentar colonos na área destinada ao palestinos.
Hoje,
quando ouvimos as expressões em defesa dos “direitos”, em grande medida,
deixamos de fora os verdadeiros culpados pelo conflito interminável entre os
dois povos. Há interesses dos Estados Unidos da América, nessa carnificina. Israel
tornou-se para o Ocidente a base militar para enfrentar os países de
nacionalidade árabe da região. Por isso, contra a bravura dos palestinos
erguem-se as forças do capital internacional, para manterem o conflito e tornarem
permanente as ameaças contra os governos dissonantes ao redor de Israel.
Diante
disso, a Organização das Nações Unidas, que no passado oficializou a divisão
territorial, não tem poder para garantir aquela decisão de 14 de maio de 1948 e
oficializar os dois Estados com seus povos soberanos.
Para
melhor ilustrar aquele conflito, podemos tomar como referência os indígenas
brasileiros, que defendem a demarcação de suas terras, para garantirem a organização
de 305 povos ainda existentes e, por isso, necessitados de reaverem os seus
territórios. O “Marco temporal” que entrega ao tempo final ao ano de 1988 para
as demarcações de terras, é a imagem e semelhança do acerto imposto pela ONU,
aos palestinos e judeus em 1948. Os capitalistas sabem que, as leis mudam com o
uso da força e, diante disso, os povos nativos, ameaçados desde o ano de 1500,
enquanto não superarmos o capitalismo, serão alvo da cobiça e da violência do
capital e de seus representantes.
Em
síntese, os conflitos locais são apenas pequenas explosões das contradições
universais. Os capitalistas agem de acordo com o movimento do capital. O poder
deixou de ser político e passou para o domínio da violência e, sob o seu
comando vale mais matar do que pacificar.
Ademar
Bogo
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