O que foi o Brasil em toda a sua
história senão um território de reservas naturais e de força de trabalho
escrava ou assalariada de baixa remuneração à disposição das empresas
capitalistas? O que sobrou e o que sobra como resultado para o país, com a
exportação do Pau Brasil ou de outros derivados de madeira até hoje em vigor?
Do ouro e mais 35 minérios encontrados em nosso subsolo, até mesmo do petróleo
do pré-sal visto como o advento de uma nova fase para a educação e bem estar do
povo brasileiro? Respondo: tocos, devastação, buracos, gamelas de lama prestes
a descerem pelos vales, sede, fome, miséria e violência humana.
Isso é o que podemos chamar de
progresso regressivo, porque, quanto mais exploram, mais fazem regredir as
condições de sustentação da civilização. Progredir regressivamente é então, ir
em frente criando as circunstâncias do próprio extermínio das espécies.
Karl Marx ao estudar as leis do
desenvolvimento do capitalismo, nos alertou que no mercado de mercadorias onde se confrontam os possuidores de
mercadorias, o poder que exercem uns sobre os outros é somente o que deriva de
suas mercadorias, e é esse poder que impede de que se coloque limites na
mineração, no envenenamento da produção de alimentos, na devastação da
natureza, na poluição do planeta e na matança humana indiscriminada.
Os
capitalistas que fingem chorar pelos mortos das tragédias, são os mesmos que provocam
as reações incontroladas da natureza e as revoltas humanas com o uso de táticas
terroristas. O surgimento do Estado Islâmico, nada mais é que a oportunidade
surgida após o bloco socialista de Estado ter deixado de ser o ponto oposto da
polarização com o capitalismo e as forças políticas de esquerda, terem trocado
o objetivo da transição para o socialismo em nome do “desenvolvimento humanizado”
do capitalismo.
Quais
são as medidas propostas pelos amantes das mercadorias para conterem as
catástrofes e a barbárie? Fechar as torneiras sem recuperar as fontes;
endurecer as leis para punir maiores e menores de idade sem distribuir a
riqueza; multar as empresas sem interromper a produção de lixo e de lama que
estarão sempre a postos para escorrerem pelos vales, basta um simples tremor de
terra e tudo desce para o mar. As lições e as ameaças estão expostas na
cartilha da incontrolabilidade do capital, impedidas, é verdade, de serem
compreendidas pelo analfabetismo dos que defendem o desenvolvimentismo e a
tática puramente eleitoral.
Diante
do desenvolvimento regressivo e da barbárie, a conclusão é simples: só o
socialismo pode salvar a humanidade. E não adianta procurar outro caminho ou
disfarçar a responsabilidade de realizar a revolução se quisermos salvar o que
ainda resta do planeta. Ou se impõe um freio ao capital ou a terra se tornará
um deserto inabitável. O produtivismo cada vez mais tecnificado, não cria mais
as condições para o socialismo, mas leva ao agravamento da barbárie. Chegou o
tempo de espalhar mensagens que ascendam nas consciência o espírito das
revoltas.
Ademar Bogo, Filósofo, Escritor e Agricultor
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