Uma mensagem, do ponto de vista
conceitual pode ser um comunicado, uma notícia ou um recado, por isso pode ser
escrita ou levada verbalmente. Mensageiro então é aquele que transporta
informações, muitas vezes surpreendentes, outras vezes, sem espanto, nem
preparação, declara aquilo que precisa ser dito.
Antigamente o mensageiro era de
carne e osso, hoje ainda temos o carteiro que nos visita e nos entrega
mensagens em forma de encomendas, ou seja, os carteiros viraram entregadores de
mercadorias, as mensagens mesmo, agora são virtuais, precisa catá-las entre os
anúncios e interpretá-las.
Do ponto de vista da política,
mensagens e mensageiros são cada vez mais estarrecedores. Ninguém mais se
surpreende com medidas governamentais que atacam que trabalha ou vão começar a
trabalhar; os que envelhecem; os aposentados; os escolarizados e aqueles que
ainda vão estudar; e assim por diante.
Na mensagem respeitosa, sempre há um
cerimonial. O mensageiro se aproxima e prepara os sentimentos do destinatário.
Muitas vezes informa primeiro a um membro da família mais distante, que se
encarrega de ser o portador, utilizando-se sempre do preâmbulo: “você precisa
ser forte!”. Do outro lado, só se ouve o silêncio. Os lábios ressecados nada
falam, as mãos se juntam como se o que virá depois do revelado será uma punição.
A oração, em caso de morte, é a única solução para quem não tem o que fazer, em
caso de vida, é ausência de força, impotência política com poucas chances de
salvação terrena.
A mensagem dos fatos produz um choque
diferente, principalmente quando as autoridades dizem que “chacinas são
acidentes”, como perder a direção e bater e morrer. Para o capitalista, o
presidiário, a prostituta, o morador de rua, o aposentado, o professor, o
pequeno agricultor, o favelado, o camelô são pessoas que não existem ou só
existem para a polícia, para o juiz, para o pastor e o coveiro, por isso torcem
que haja “uma chacina por semana”.
O ano velho foi o mensageiro do ano
novo. Ele anunciava, como o Deus romano, que se chamava Jano, e deu o nome ao
mês de Janeiro, e, por sinal fora agraciado com duas faces: uma voltada para
trás, era o passado, nunca esquecido, a outra, voltada para frente, para
mostrar que a vida continuava. A nós, as duas faces se combinam. A do ano
passado: do golpe e do roubo dos direitos; a do ano novo, a do golpe e a
matança nos presídios e nas ruas. E olha que estamos apenas em Janeiro.
Mas, Janeiro, pode ser a transição.
É o tempo certo para fazer programas, indicar medidas e ajeitar o planejamento
para as saídas. Sobre elas podemos dizer que, existem as saídas, para baixo e
para o alto. A para baixo pertence aos tatus que quanto mais cavam mais se
enterram e, as para o alto pertence aos felinos, buscam ultrapassar o espaço
pelo teto. Para baixo é ficar no “fora Temer”, “diretas já”, e “nenhum direito
a menos”; para cima é generalizar os enfrentamentos, a desobediência civil e construir
a transição socialista.
A mensagem de Jano, para o ano novo,
é que você não merece ser submetido aos poderes carcomidos, viciados e vendidos
ao imperialismo. Falta-nos um mensageiro partidário, há que ser construído para
atacar as mensagens indigestas da classe dominante.
Ademar Bogo, filósofo, escritor e agricultor
Que dizer do ano em que acontece o já esperado golpe que abate qualquer governo latino-americano com projeto capitalista desenvolvimentista-nacionalista?
ResponderExcluirQue dizer da surpresa dos políticos do campo popular com o papel - novo desde a guerra fria- que as mídias,os grandes grupos econômicos nacionais e internacionais e a direita doméstica desempenharam para articular e consumar tal golpe?
Que dizer de militantes , dirigentes partidários , supostamente de esquerda que não acreditam na organização do povo como base política de sustentação de um projeto de transformação social?
Que dizer de uma esquerda que não tem projeto nacional estratégico e que só se une na ditadura , no exílio e na cadeia?
Que a ingenuidade é atributo da ação de crianças,não de políticos.
Karin Taborda- médica, lutadora do povo