A palavra “genocídio”, tem a sua primeira parte composta
pelo vocábulo grego, “geno”. Grosso modo significa uma estrutura social
formada por pessoas com vínculos sanguíneos e, o complemento, “cide” emerge
do latim que quer dizer, matar. Incorporados esses termos à língua
portuguesa, foram jungidos e passaram a significar uma só definição,
correspondente às práticas de matar e exterminar uma parte ou o todo de um
grupo social, cuja identidade étnica lhe é comum na cultura, na cooperação, nos
valores, na religião, etc.
Por outro lado, se revisarmos o conjunto de termos
aproximados que representam ações comportamentais avessas à humanização, palavras
como, “chacina” e “massacre” nos levam a identificar nos mesmos atos de
extermínio coletivos de pessoas, características genocidas pois, às vítimas das
matanças coletivas não é dado direito algum a se defenderem.
Realizadas
em múltiplas situações, as ações encaixadas nos termos acima tomadas como
genocídio, os massacres e chacinas, produzem na opinião pública cada vez menos
impactos. A razão para isto é que nas explicações midiáticas as vítimas,
propositalmente são classificadas como culpadas e os agressores sempre vistos como
heróis. A ideologia capitalista, seja em Israel ou nas periferias das cidades
brasileiras, transforma os crimes em virtudes e os abusos cometidos pelas
forças oficiais, em direito à defesa. O sistema estruturado para matar já esconde
o Ethos perverso do capitalismo em decadência, e também o caráter cada vez mais
desajustado de governantes, mandantes e executores das ações de morte.
Conceituar
as ações prolongadas de genocídio, chacina ou massacre, diante da evolução da
barbárie é muito pouco, pois nas ações não se faz presente apenas o gesto de
matar, acompanham essas desprezíveis expressões, outras atitudes adjetivadas que
explicam a destemperança psicológica dos genocidas, mandantes e executores das
matanças, em guerras declaradas ou nas invasões de comunidades pobremente
habitadas por pessoas da mesma etnia. Portanto, não se trata de serem classificados
como crimes comuns; são ações conscientes, pensadas e financiadas por governos,
estados, grupos e indivíduos de caráter desumanizado, abomináveis pessoalmente,
tanto quanto as ações que praticam.
Ao analisarmos as diversas maleficências incorporadas
ao uso da violência, como a “crueldade”, percebemos como os seus
praticantes, além de eliminarem as vítimas pré-selecionadas, vão além e
adentram para o sufocamento coletivo, avançando até o ponto da satisfação
prazerosa de agredir e torturar, expandindo o sofrimento dos ofendidos para
além da carne de cada corpo abatido, até alcançarem os descendentes étnicos e
grupos consanguíneos inocentes.
Do mesmo modo as demonstrações de “perversidades”
dos agressores vão além das ações; representam as atitudes praticadas por
sujeitos de estrutura comportamental perversa. Por assim serem, os perversos intensificam
o sofrimento e a dor em suas vítimas para extraírem dos atos de torturas, o
maior prazer possível. Quando as perversidades tornam-se práticas políticas, é
porque a inteligência das instituições incorporou a essência perversa e os
agentes e forças das instituições, são autorizadas a elevarem o grau de
sofrimento, humilhação e terror, ao grau do insuportável. Há um terrorismo de
Estado sendo praticado por Israel motivada pela estrutura psíquica perversa de
seus governantes.
Dentre os promotores das práticas genocidas, destacam-se ainda
os “Sanguinários”. São matadores oficiais identificados com o derramamento
de sangue de suas vítimas. Saem cotidianamente a procura de alguém para matar. Alimentam
o ódio com convicções sionistas, machistas, misóginas, racistas etc., contra as
vítimas que se tornam alvos em série. Há pessoas, milicias e governos
sanguinários que impõe a cultura da arma e educam para matar.
Na mesma linha encontramos os matadores destrutivos,
conhecidos como “ruinosos” (ruinosus), pois, além de matarem as
pessoas provocam ruínas as habitações e estruturas físicas sociais como
prédios, hospitais, escolas etc. De antemão a ordem é matar e quebrar, destruir,
estragar e arrasar para tornar a vida dos sobreviventes um verdadeiro caos. Ao arrasarem
um território invadido, propositalmente os agressores estendem a vingança
contra todas as pessoas que ali habitam, desabrigando-as para que se sintam
também culpadas e se intimidem para posteriormente não tentarem nenhuma reação.
Distintamente esses malfeitores também podem ser
denominados de “desnaturados” por serem destituídos de sentimentos
naturais, característicos dos seres humanos. Alguém que se desnatura, se
distancia da harmonia cultural e passa a apresentar-se desrespeitosamente diante
de todos os valores e princípios humanitários. O termo “desnaturalizado” também
tem o mesmo sentido; representa alguém que perde a naturalidade tornando-se invasor
e forasteiro em terra estranha.
Ao
agir indiscriminadamente contra pessoas indefesas os promotores da violência são
ainda classificados como “impiedosos”, característica dos sujeitos sem
compaixão ou compadecimento com as pessoas que sofrem. Ao contrário tudo fazem
para aumentarem o sofrimento alheio até que os seus interesses sejam
alcançados. Geralmente as atitudes impiedosas são praticadas por indivíduos que
julgam terem sido desrespeitados, surpreendidos e desmoralizados em sua
prepotência pelas vítimas. Para o impiedoso vale a sua crença transformada em critério
de justiça e parâmetro de interpretação das normas morais.
Na
trajetória da violência vão se formando os “facínoras”. Denominamos
assim os indivíduos fascinados e de relação direta com o fascismo. Quando um
facínora age executando todas as ações expostas acima enquadra-se na
classificação de homicida, quando formam grupos ou se abrigam na própria estrutura
do Estado criam movimentos como o nazismo e o fascismo. Sendo assim os facínoras se adaptam à
barbárie, liderando e praticando ações orientadas pelas suas próprias leis. Não
há direito algum a ser reivindicado pela vítima. O fascista fascinado é um
facínora que transforma as suas vontades em ordens a serem cumpridas a qualquer
custo, formando assim um mundo particular para satisfazer os seus desejos
transviados.
Poderíamos
tomar qualquer um todos os vocábulos acima e, certamente encontraremos no mundo
pontos latentes para confirmar que assim é, mas, principalmente em Gaza na
Palestina vemos algo que o Estado de Israel representa o que a civilização criou
de pior depois do nazismo. A insistência em destruir as forças de oposição que
combate pela liberdade de um povo tornou-se uma doença que tem o nome de
sionismo. Mas não só. Os países aliados de Israel que fornecem armas para matar
os palestinos, são também criminosos, facínoras e sanguinários. Da mesma forma
o são os grupos nos países que defendem o “direito de Israel a se defender”,
são imitadores e arremedos de carniceiros que se alimentam do ódio para
crescerem e um dia virem a implantar as mesma práticas em nossos continentes.
Diante
da matança generalizada genocídio é muito pouco, devemos chamar de barbárie e
nos colocar em posição de luta pela superação do capitalismo. Somente o
socialismo poderá pôr fim na violência civilizatória e tratar os desajustados
com os métodos da valorização da vida e não da morte.
Ademar Bogo
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