A primeira e destacada obra da contemporaneidade orientadora
do movimento socialista é sem dúvida nenhuma o “Manifesto do partido comunista”,
escrito pelos jovens Karl Marx e Friedrich Engels em 1848. O objetivo dessa
obra, escrita no auge das Revoluções Liberais, desencadeadas na Europa, era oferecer
ao trabalhadores um caminho estratégico para fugirem da tradição conspiratória
e, ao mesmo tempo diferenciarem-se do processo de transformação burguesa
sustentada pelas forças militares.
A tradição das contestações políticas eram, até então,
organizadas por facções formadas por pequenos grupos que, por meio de táticas
conspirativas, visavam, com ataques pontuais e atentados contra as autoridades,
chegarem ao poder.
A conspiração é vista pela teoria da organização política
revolucionária, como oposição à insurreição, isto porque, enquanto a primeira se
expressa por meio de grupos minoritários, a segunda procede por meio da
organização e mobilização da maioria da população. Nesse sentido, outros dois
conceitos, “golpe” e “revolução”, determinam a natureza dos dois primeiros.
É evidente que em certas circunstâncias o uso de táticas momentâneas,
podem cruzar os conteúdos dos conceitos, mas, acima de tudo, deve-se sempre
observar as finalidades estabelecidas. Quando falamos em “golpe”, identificamos
facilmente que por trás desta posição, existe uma conspiração articulada por
grupos interessados em defender os seus interesses e, para alcançarem esse
objetivo, buscam confundir o entendimento a fim de arrastarem para o seu lado,
parcelas da sociedade civil. Por outro lado, a revolução e a insurreição ao
serem discutidas e postas em andamento, de imediato elas buscam o envolvimento
da maioria da população e, o objetivo final é atender os interesses do
movimento organizado.
Com esta breve diferenciação podemos identificar que lado
estamos indo. No Brasil, após a eleição para presidente da república, na qual escancararam-se
as posições, de um lado nazistas e do outro progressistas, ambas mobilizando
razoáveis contingentes de massas, fazendo com que, no final, quase 120 milhões
de pessoas declarassem as suas preferências, é um grande feito. No entanto, a
parte vitoriosa, votou e se retirou do cenário das disputas, mas, a parte que
perdeu, permanece com grupos mobilizados instigando setores da sociedade e as
forças armadas, a desrespeitarem o resultado do pleito, para, por meio de um
golpe assumirem o poder.
Essa conspiração golpista é real e está em andamento
sustentada pelos representantes do capital financeiro, setores das forças
armadas, do agronegócio e das igrejas pentecostais. É por isso que, com
facilidade confunde e misturam, o protesto de pessoas humana com os caminhões;
ideias golpistas com as cores simbólicas; o financiamento das empresas com
autonomia política e, a alienação com valores morais conservadores. Querem
convencer de que o país precisa de uma “ditadura militar” para implantar a
democracia.
O que na verdade passa pela cabeça desses grupos é o sentimento
de ódio e vingança que alimentam contra as forças de esquerda. Como não podem atacá-las,
precisam do Estado para fazê-lo. Esses grupos não querem a vitória eleitoral,
mesmo se tivessem ganho não se calariam. Insistiriam no golpe para assistiram
covardemente a repressão e à matança da militância “comunista”, coisa que com
uma vitória eleitoral apenas, não conseguiriam atingir tal objetivo. Nesse
sentido, o ódio que costumeiramente um indivíduo sente, tem nele mesmo a força
para transformá-lo em violência. Na conspiração em andamento, os setores
vingativos cobertos, pelas cores da bandeira, em franca representação
minoritária, são portadores do ódio, mas precisam das forças armadas para realizarem
os homicídios.
É importante compreender que, a conspiração golpista
ainda não foi levada a cabo com sucesso, porque o processo eleitoral foi
legitimo e sem falhas pois, se por um lado registrou a vitória de um presidente
de esquerda, por outro, garantiu a maioria parlamentar da direita. E, porque,
as circunstâncias não são todas favoráveis e nem a comunidade internacional apoia
qualquer tipo de bravata que fira o que se chama de “democracia”.
No entanto, circunstâncias sociais e políticas são coisas
que se criam. Elas funcionam como o vento; de um momento para outro, o tempo
muda e vêm as tempestades. Logo, não basta, confiar no certo, no idôneo e na
justiça, porque, esses conceitos sem massas mobilizadas, mudam facilmente de
entendimento e podem vir a ser representantes do contrário. Por isso, é preciso
perguntar-nos, quais as tradições que devemos superar? E quais são as tarefas
que urgentemente devemos assumir?
Sendo assim, as forças democráticas não podem esperar que a conspiração se materialize e o golpe de Estado venha a se implantar para iniciar as mobilizações. É preciso fazer crescer nas massas a consciência sobre os direitos e, junto com a defesa de comer, vestir, morar, trabalhar, educar ter saúde e estudar, devemos pôr o direito a se insurgir. As ruas são os lugares adequados para defender-nos. Vamos à luta! Quem acorda cedo faz o amanhecer!
Ademar Bogo
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