O filósofo Aristóteles foi o primeiro a estruturar, definir e organizar as análises, a partir de categorias e, com isso facilitou também à atividade da escrita. No livro, “Categorias” exposto no “Órganon” ele detalhou o que são elas e como podem ser aplicadas. Para tanto, alinhou dez categorias dispostas da seguinte forma: substância, quantidade, qualidade, relação, lugar, tempo, posição, estado ou condição, ação e paixão. Portanto, qualquer coisa que tenha substância pode ser analisada, segundo a ordem categórica proposta; podendo ser um homem, um animal ou um grupo social.
Mas o filósofo não parou ali. Instigado
pelas diversas relações, propôs-se a explicar também os “opostos” que poderiam
ser expressos de quatro modos: correlativos; contrários; privativos positivos
e, afirmativos negativos. A realidade em análise, para ele, diante dos
“correlativos opostos”, representava a expressão do dobro e a metade de uma
referência. Já os “contrários”, destacou ele, “podemos tomar à guisa de exemplos,
bom e mau. Dos termos privativos positivos exemplificar como sendo cegueira e
visão; ele está sentado e ele não está sentado, são exemplos de afirmativos
negativos”.
Essa disposição simplória das categorias
e dos opostos poderia ser ignorada ou substituída pelas leis e categorias
dialéticas formuladas pelo materialismo histórico, mas elas não nos dariam
maior precisão na análise, principalmente quando as substâncias a serem
analisadas fossem gelatinosas, pouco consistentes e até mesmo deformadas.
Do ponto de vista substancial, tomemos
as candidaturas oferecidas aos eleitores para o próximo pleito à presidência da
República. As ofertas autocráticas correspondem primeiramente, à quantidade
multiplicada por um, cada vez que se apresenta um novo figurante. No entanto,
em se tratando de qualidade há bastante semelhança das matérias disformes
principalmente as que não alcançam dois dígitos na prévia aprovação.
Ao
tomarmos a categoria da “relação” vemos que se aplica apenas na retórica. A
grande maioria dos candidatos, nunca teve relação alguma com os trabalhadores e
as massas exploradas; assim ocorre com a posição, o tempo e o lugar, sempre
adequados aos domínios dos mais ricos. O estado ou a condição apresentável, todos
aparecem felizes e sorridentes. Na categoria da “ação” recorrem aos
prometimentos e, a paixão ou situação patológica, todos doentes psíquicos, ansiosos,
principalmente por imaginarem que não terão chance alguma de vitória.
Por outro lado, vejamos a categorização
dos “opostos”. Se os “opostos correlativos” nos remetem a verificar os
comparativos de alguma referência, embora ainda não lançado oficialmente, Lula
está na dianteira das pesquisas e, por isso, é um afirmativo positivo; do lado
oposto, representando o afirmativo negativo está Bolsonaro. Portanto, é
necessário verificar se ele é o dobro ou apenas a metade pior daquele que
dobrando já vem nas vantagens das pesquisas das intenções de voto.
Na referência dos “opostos contrários”, temos
os comparativos do bom e do mau. A depender de encontrar algo de bom no atual
presidente, disposto a marchar, se puder até com um novo golpe de Estado em
direção ao segundo mandato, ficaremos sem nenhum parâmetro. Nesse candidato
específico, o mau é destacadamente vencedor. Ele está posicionado no ponto
inverso do bom senso. A sua desumanidade o descredencia a governar qualquer
coletivo humano. Seus pensamentos discordantes, em relação à vacina para
adultos e crianças; a lisura do processo eleitoral por meio das urnas
eletrônicas; a preservação das florestas, das cavernas e da vida em geral, são
alguns dos aspectos evidenciadores da patologia mental, da qual sofre o
“extra-social” e também extraterrestre, pois ao duvidar que a terra é redonda,
coloca-se conceitualmente fora dela e, está desautorizado a governar esta parte
dela.
Dos dois outros opostos, o “privativo”, tendo
como exemplo a visão, o país está sendo governado com uma total cegueira.
Chocamo-nos cotidianamente, com a fome, a miséria, o desemprego, a paralisação
de políticas públicas, a inflação, mortes evitáveis, violência, queimadas,
extermínio de índios etc., e nada é feito para nos proteger. E, o complemento é
dado pelo “afirmativo negativo”. Seguindo o exemplo aristotélico, vemos que ele
está sentado à direita do ódio; do atraso; da falta de ideias e planos; da
ignorância; da ausência de humanidade, compostura e educação; do autoritarismo;
do trumpismo, felizmente rechaçado; do carvalhismo, cujo criador foi fatalmente vitimado recentemente pelo coronavírus e tantos outros direitismos e negacionismos intoleráveis.
O processo eleitoral não é tudo e, os
opostos não são eliminados pelo resultado das urnas; mas, as categorias e os
opostos: correlativos; contrários, privativos e afirmativos, continuam sendo
úteis para entendermos que, para além do capitalismo, existem às referências,
socialista e a democracia participativa, para escaparmos de termos de, a cada
quatro anos, em nome da ordem, confirmar, pela representatividade, a
continuidade da sociedade desigual.
Ademar
Bogo
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