Há diferentes formas de verificar a
crise atual do capitalismo: econômica, política, jurídica, cultural, ética
etc., seja qual for, nenhuma delas pode apresentar sequer alguma ressalva que
defenda a continuação deste modo de produção que ora agoniza.
Para além disso, os diversos
aspectos da mesma crise apontam para dificuldades ainda maiores para o controle
da ordem, pelas forças políticas e policiais. Quanto maior a insegurança maior
deverá ser o grau de repressão e de punições que beiram as margens da loucura
política.
Nos períodos de insegurança social e
política, os capitalistas sempre encontraram saídas que, de alguma forma mantiveram-se
sob controle, como foi o caso das duas guerras mundiais que foram desencadeadas
justamente para superarem as crises e ampliarem os domínios territoriais.
As crises constantes mostram que mudamos
de fase, isto é, enquanto o imperialismo servia de conceito para revelar que o capitalismo
vivia a sua fase superior essa
superioridade bastava para buscar o domínio de novos espaços, bastava
utilizar-se das mercadorias, do dinheiro ou do capital, em caso de necessidade
de forçar a entrada em territórios estranhos, acompanhava a força militar.
Agora, embora o imperialismo ainda permaneça, a fase transmutou-se para a “globalização”
que, juridicamente flexibilizou as barreiras nas fronteiras e por isso, a crise
que se prolonga, diferentemente das outras, passou a usar a lei e os acordos e entre
as instituições internacionais, para legitimar os desmandos.
É nesse sentido que avaliamos a
frequência dos golpes de Estado realizados por meio de votações relâmpagos, em
nosso caso, por um Congresso totalmente desmoralizado; prisões injustificadas,
como a do Presidente Lula ou os ataques contra a Síria realizados nesta semana,
com a desculpa de que lá existem armas químicas.
Os indícios passaram a figurar como
fatos consumados, por isso, para aplicar as leis que favorecem os interesses do
capital, não precisa de provas, basta insinuações, desconfianças, indícios ou
uma simples delação, como ocorria no período da Santa Inquisição na Idade
Média. Cassa-se o mandato, prende-se, bombardeia-se etc., depois se tenta
provar que havia intenções ou não havia nada, mas se diz que havia.
Se fôssemos investigar e punir quem usa “armas
químicas”, os fabricantes de pesticidas que constituem o capital que usufrui
dos acordos globalizados, deveriam estar todos presos. O consumo no Brasil já
chega o equivalente a 7 litros por pessoa, contaminando mortalmente 70 mil
pessoas por ano com agrotóxicos proibidos ou legalizados. Sobre isto ninguém
fala nada, nem ninguém desses que usam mísseis para afrontar as nações, saem em
defesa dos Direitos Humanos.
Os capitalistas sabem que o capitalismo
não tem mais como evitar a barbárie e por isso buscam descobrir formas de
habitar outros planetas. O mundo está saturado de mercadorias e, a média de consumo
é insuficiente para manter o rendimento do capital positivamente. Os capitalistas
também sabem que para garantirem temporariamente mais espaço para algumas
potências precisam desencadear a Terceira Guerra Mundial, mas, na situação de
equilíbrio de forças e elevado nível tecnológico bélico, é temerária qualquer
iniciativa nesse rumo.
Enquanto isso, os interesses econômicos
e políticos manipulam as leis para que elas dêem legitimidade não têm. Nesse sentido,
tanto a Síria quanto o Brasil estão no meio das disputas de interesses e, nada
melhor para os capitalistas que livrar-se de líderes incômodos. Embora as
forças a favor das transformações andem devagar, o planeta tem pressa; as
mudanças virão quando os dois movimentos entrarem em sintonia. Ou seja, é hora
de apressar o passo para que a roda História não nos deixe presos no lado
debaixo. Ademar
Bogo
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